Depoimento Chapada dos Veadeiros: Etno-Rafting
Eu embarquei nessa aventura sem saber o que me esperava. Felizmente, confiei completamente no conceito que me foi apresentado: Etno-Rafting, uma modalidade de rafting que combina a experiência de praticar rafting, a descida em corredeiras em um bote inflável, com elementos culturais e históricos da região visitada.
Quem nos apresentou essa maravilhosa experiência foi a Veadeiros Rafting. Uma empresa formada por pessoas maravilhosas como Guilherme e Sara, que mais do que turismo, promovem a nossa felicidade.
Quando soube que a aventura começaria às 6:00 da manhã e terminaria às 11:00 da noite, pensei que poderia ser cansativo, mas na realidade passou como um relâmpago de alegria e deixará memórias que são um estrondo de trovão!
Começamos com um café da manhã em meio a uma horta urbana cuja autenticidade, sabor e simplicidade que já valeram o acordar antes do sol nascer.
No caminho para Alto Paraíso de Goiás, Teresina de Goiás, Porto Real e finalmente Ribeirão dos Bois, tivemos aula de geologia e história da região. Juntamente com o magnífico amanhecer e o eco do café da manhã, as conversas nos mantiveram acordados e alertas para o que viria adiante.
Ao chegar ao rústico porto onde entramos no Rio Paranã, um lugar maravilhoso que combina a tranquilidade de pontos de contemplação da fauna e flora local, águas ideais para banho e formações rochosas impressionantes, passamos pelo Vale do Funil e por um cânion moldado pela geologia, curso das águas e ventos, formando um desfiladeiro deslumbrante para a prática do rafting.
Ao chegamos a um porto de margens arenosas que nos fizeram lembrar a fertilidade egípcia, onde plantações ribeirinhas de tabaco, abóbora, milho e outras culturas de subsistência nos alegraram, mas simultaneamente entristeceram, pois a parte de rafting do passeio terminava ali… que saudade ficou.
Mas, calma, agora é hora do Etno…
Uma experiência na comunidade Kalunga que lembrava uma aula de história misturada com uma conversa em família na varanda…
Pessoas simples, mas de riqueza cultural que transbordava através da culinária e conversas. Uma cultura remanescente de quilombolas, descendentes de africanos escravizados que fugiram para a região durante o período colonial.
A culinária nos permitiu provar o frescor e os sabores abundantes da região, através de hortaliças das margens do rio, galinhas criadas soltas e felizes com a abundância de milho da região, abóboras cultivadas na areia trazida pelas cheias, mandiocas cozidas plantadas no quintal e cozidas no fogão a lenha.
Depois, partimos para visitar um pequeno museu, mas grande em história, dedicado a Iaia Procópia. Conhecemos a história do algodão na região e a luta pelo reconhecimento cultural e melhores condições de educação, apresentada por Bia/Lia, sua herdeira por excelência. Quando achávamos que não cabia mais nada no passeio, fomos saudados pela visita da própria Iaia. Uma mulher fisicamente frágil, mas gigante do alto de seus 90 anos de vida forte e aura encantadora.
Voltamos apreciando o luar e a possibilidade de contemplar todas as luzes estelares que desde sempre encantam o ser humano, mas que no céu das grandes cidades já não se apresentam mais.
Uma experiência tão cativante que continuou com um jantar maravilhoso: arroz ribeirinho, feijão guandu, uma galinhada imperdível e hortaliças que saíram da terra à nossa frente.
Retornamos para o nosso cotidiano fisicamente exaustos, mas com uma leveza mental que nos preparou para mais um ciclo de desafios pessoais e a tranquilidade de saber que existem diversos mundos na Chapada dos Veadeiros.
Sara, Guilherme e toda a família Veadeiros Rafting, voltaremos com certeza!
Muito obrigado por nos fazer conhecer mais do nosso país, de nós mesmos e por nos apresentar novos amigos!
Luiz Eduardo
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